quarta-feira, setembro 27, 2006

náuseas

sigo apenas as linhas tortas que traço com um lápis gasto
como que um gesto sem sentido apenas seguindo a textura rugosa do papel
o corpo é pesado e moribundo
com cheiros nauseabundos e formas deformadas por uma realidade cruel

o olhar fixa o horizonte e perde-se na imensidão do vazio...

um mundo corre e não para
eu não páro com ele
as pessoas passam e tocam mas eu mal as sinto
elas dão e eu mal recebo

antes que o sol não nascesse
e não tivesse de andar sem saber para onde ir
ver reflexos de emoções e sentimentos
em algo que pode nem existir

grito mas não sai nada
ninguém ouve
só eu sinto o soluço que sufoca
as lágrimas que não saem
os gritos que não são libertados

o olhar fixa o horizonte e perde-se na imensidão do vazio...

segunda-feira, setembro 18, 2006

existir eis a questão...

até podia gritar que ninguém ouviria
porque o mundo roda mas não para mim
eu faço rodar para os outros porque assim sou feliz
uma mera espectadora na vida dos outros

espectadora que atrapalha como uma pedra no curso do rio
que podia ser um simples seixo ou um grão de areia parte de um todo
mas esses não atrapalham...
apenas existem...

ser apenas uma gota de carinho e uma fonte de quente para alguém que sente frio
ser apenas apenas mais um corpo no meio de muitos que apenas quer sentir
e fazer sentir outros mil corpos sensações
ser uma estrela num céu estralado de uma noite de verão
brilhar para amantes que despreocupados se entregam
brilhar para alguém...