domingo, dezembro 26, 2010

voltar

tenho saudades do sabor a casa
quero a cozinha dos sabores e dos pratos coloridos
o sofá das almofadas esquisitas
e o chá de bruxa

quero voltar ao quente da lenha
dos abraços e das danças a dois ou a mais
sentar-me no chão frio, cruzar as pernas e ouvir falar os outros

saudades do odor dos que me abraçam
saudades das formas que me portam a dançar

invejo os músicos,
invejo-os por fugiram pelas notas
eu fujo com o olhar

viagens

estou aqui à espera
talvez aconteça alguma coisa
talvez só deva esperar
ou talvez deva contrariar a espera
e apanhar o comboio
não sei se esperar é ser paciente
ou ter medo de avançar
não sei se apanhar o comboio é crescer
ou ter medo de esperar

agora estou aqui

sou um corpo ambulante a vaguear
por terras a conquistar
gulliver de aventuras imperfeitas
com uma morte prematura
um herói jamais amado
e um corpo amado por alguns

um amor desejado e um desejo de muitos

quinta-feira, novembro 25, 2010

Il mio cantuccio preferito

Quando penso a un cantuccio, penso a un posto dove mi sento protetta, al sicuro, comoda, in pace... é difficile nominare ne uno, in mente mi vengono le immagini della spiaggia com la sabbia e il mare, il colle com il bosco e il mio divano pieno di cuscini.

Magari nomineró il mio divano, magari perché é quello che mi manca di più e che è anche quel cantuccio più personale perchè l'ho costruito io.

É un divano molto semplice composto da due materassi a “L” e pieno di cuscini ognuno diverso del'altro: colore, forme e stoffe diverse.

Nel mio divano mi piace sedere com una tazza de té in mano a ascoltare musica o guardare tv, mi piace invitare gli amici a fare un pomeriggio di cinema e mi piace dormire dopo lavoro o quando nelle due camere da letto ci sono altri che dormono.

É il posto che mi vieni in mente quando penso a “casa”, quando desiderio esser a casa e mi piace condividerlo peró anche godermelo da sola.

É un divano che occupa un angolo e davanti ha due porte in ferro e vetro cha danno accesso a una terrazza enorme.quando si é seduti, si vede il cielo blu ( e anche gli edifici davanti peró non é brutto, mi piace esser im mezzo a un quartiere, como si fossi una famiglia allargata) e gli alberi della via davanti.

Mi piacciono i cuscini, la mia nonna mi ne trova sempre di nuovi. Penso che ne avró più di dieci, la maggior parte cono vecchi, di vecchie stoffe degli anni 60/70/80 peró mi piacciono molto. Magari per la sensazione di morbidezza e leggerezza ma anche resistenza (si fanno guerre di cuscini), sono adattabili a chiunque, a qualunque corpo, a qualunque posizione...mi sembra che anche il mio corpo sia abbastanza adattabile ai cuscini e ale volte trova delle posizioni strane peró stranamente comode. Il corpo e i cuscini cospirano sulla comoditá.la mente soltanto ecrca di non capirlo e lasciarsi andare nel mare di stoffe e pelle.

Il mio cantuccio preferito é il mio divano dove la mente e io mio corpo si trovano r cercano un vuoto pieno di tranquilitá.

domingo, junho 20, 2010

afogo o pensamento

no outro dia antes de me vir embora queria o teu abraço
queria afundar-me nos teus braços e afogar-me no peito e inundar-me no teu calor
apaixonei-me quando fizemos amor...apaixonei-me pelo teu amor, o teu calor, tu em mim e eu em ti...
o meu pensamento atraiçoa a razão



segunda-feira, abril 26, 2010

escritos de amor numa outra lingua

voglio il tuo sapore a mare
voglio il desiderio
il desiderio d'essere tua
di fondermi nella tua schiuma e nel tuo oceano
vivere senza la paura di affogarmi, di non avere l'ossigenio
perchè sarò io l'ossigenio, sarò l'aqua che alimenta criature sconociute

voglio sentire nella mia pelle la tua superficie gelata
come che un brivido di piacere in un momento che si propaga per l'eternità
posso essere la roccia che a ogni onda, a ogni tocco si rovina
però sarà appena una forma di metamorfosi che diventarà sabbia o un grano nelle profundità del oceano
mai sarà persa

voglio farti sentire la mia dolcezza nella mia rigidità
sentire la mia forma flessibile ma indistruttibile
che si metamorfosa, evolve però senza mai lasciare la sua essenza

sarò io ma anche tu



sexta-feira, abril 23, 2010

memorias de outros tempos

"voltei aonde estive mas não sou quem fui
sou diferente mas nem por isso melhor
reflicto-me nas palavras que os outros dizem de mim e não sou melhor do que já fui apenas maior
tenho vergonha do que sou porque não o quero ser, será que sou realmente o que essas palavras dizem?
algo que se assemelha a uma sala de espelhos na feira, cujas imagens estão deturpadas ao olhar ou será realmente o corpo que lá se espelha deturpado?
em todas as direcções a imagem apenas muda a perspectiva. escolhe a tua...
qual criatura poderá ter beleza perante estes olhares?
que criatura serei para estes olhares, espelhos confusos e confundidos pelas perspectivas e direcções para aonde estão apontados
há momentos de contágio em mim, por esse julgamento da existência desta criatura
vejo-me nos outros porque não me conheço
assumo a culpa do mundo mas não assumo quem sou
nem a mim nem aos outros"

recortes de um diário

"no meu sono apareceste,
com o teu sorriso naif a correr na minha direcção.
a mão que te segurava largou-te,
deu-te a liberdade para alcançares os meus braços que te esperavam
nada mais me lembro
mas sinto que podia escrever um livro deste momento,
descrever todos os pormenores de movimento
e jamais esquecer o teu sorriso...
és o meu anjo.."
9 de dezembro 2008



"embarcámos nesta viagem sem saber o seu rumo
e eis que nos encontrámos
aqui em gudumur,
os olhos se encontraram pela primeira vez
com o perigo de jamais voltarem a separar-se.
recordo este momento apenas pelo entendimento da descoberta..."
19 Maio 2008

quinta-feira, abril 22, 2010

semana II

quarta-feira foi um dia longuissimo...às 8.30 parti no transporte da associação "Il Camino" que tem uma residencia e um centro de ocupação para pessoas portadoras de deficiencia, e lá fomos buscar os utentes a casa...
passei o dia até às 4h da tarde com eles, a conversar, fazer decoupage, ajudar no sei dia-a-dia e pronto...estava em casa!adorei e agora todas as 4fs lá voltarei, ajudarei nas suas coisas, no espectáculo de teatro (que levam mesmo a sério) e lá farei umas actividades de dança e movimento e em novembro temos uma apresentação eheheheh
depois às 5h fui ter com o grupo de linguas que estuda portugues que está a fazer "falar verdade a mentir" do garret a quem estou ajudar na parte do portugues e também na parte de expressão e ensaio lolol adoro ser tipo ensaiadora!!descobri!!!
foi mesmo longo o dia mas estava bastante satisfeita!
hoje partida às 7.40 direcção fiumana que é uma aldeola aqui perto tipo machede eehe com tres turmas da primária e 5 ano e entre o caos das turmas de 40 bambinos aos pulos houve momentos de magia e que me simplesmente mostraram que era mesmo para aquilo que eu aqui estava...fico sempre emocionada mesmo que depois tenha de dar um berro eheh
mas hoje foi o meu primeiro aquecimento sozinha com a turma do 5 ano que são dez e são fantásticos!adoro-os mesmo..têm uma expressividade corporal e depois são só duas raparigas eheheh gosto mais assim :P
e o dia terminou com a possibilidade de começar a ir a um centro educativo com crianças de um contexto familiar precário e num outro centro mais para adolescentes e já maiores...
próxima semana veremos!
grande responsabilidade na minha figura nestas associações mas também grande motivação para fazer coisas em conjunto...

segunda-feira, abril 19, 2010

algas no mar

um passeio à cidade cenário

este fim-de-semana pensava eu que ia bailar a som dos tref mas a nuvem de cinzas trocou-nos os planos mas como somos bem teimosos fomos na mesma para o norte a bailar.
sábado começou com uma ida ao mercado de forli comprar verduras e fruta na companhia da francesca vinda de osimo.
almoço preparada pela Je com arroz de cenoura e frango no forno já deixado a marinar na noite anterior em vinho branco, tomate, cebola e alho.
as minhas inquilinas de casa Elena e Veronica também se juntaram ao almoço.
dizem elas que estavam muito bom eheheh
lá partimos, eu e a Francesca a direcção Padova a apanhar o "outro" que chegava de Aosta de comboio.
uma viagem simpática, calma e tranquila com momento de folia, muito açucar em gomas e água!
a cinzia esperava-nos para o jantar! O seu pequeno Mathia "obrigou-me" a ver com ele luney tones e claro que eu não conseguia dizer que não eheheh até porque sou sempre um pouco envergonhada no inicio assim num ambiente social familiar...
Um bom vinho, uma boa pasta e um iorgurte grego para terminar a refeição e lá fomos direitos a Quinto de Treviso.
chegámos e não era lá. claro!!!somos teimosos...era em Silea mais uns 15 min
um tempinho para um cafezinho e para mim um limoncello!yehhhhh
e toca a bailar...
não eram os tref (esses ficaram entre as cinzas...) mas uns grupinhos italianhos em duetos nada assim de muito especial mas foi bom dançar tranquilamente, excepto pelo chão que não escorregava nem por nada...só mesmo sem sapatos e com meias!
na memoria ficou uma mazurka...acho que vou lançar um movimento contra mazurkas lentas, nostalgicas, emocionais e enamoradeiras :P
acabamos a noite em casa com um copo de Visciola (um vinho de uma especie de cereja mesmo docinho) e a dançar funanas e mornas!!
uma noite cheia de sonhos e muita inquietude, não porquê...
acabámos por no domingo almoçar no sushi (claro que me vieram à memoria os tempos do mishi mishi) e o resto do dia foi a passear na mítica veneza. calmamente a descobrir sítios secretos e ruas que parecem que não vão dar a lado algum...tinhamos um bom guia, Marco e Laura, amigos da Cinzia...veneza parece mesmo um cenário, um labirinto de aventuras...e parecia que não nos deixava sair de lá, fomos embora já eram 22.30 eheh jantar de peixe no restaurante "O Paraíso Perdido" do Maurizio, amigo da Cinzia,..peixinho e um vininho branco fresquinho que ainda nos acompanhou na viagem de regresso hmmm
e pronto...fazer a viagem inversa...

um passeio entre água




quinta-feira, abril 15, 2010

primeira semana

Passou quase uma semana desde que deixei a terra lusa.
Trouxe comigo uma mala plena de recordações, desejos, sensações e sentimentos.
Deixei arrumados caixotes e caixotes de pensamentos e medos, provavelmente quando voltar os encontrarei lá à minha espera...
não tinha príncipe à espera no aeroporto, não havia príncipe...descobri que não existem príncipe
entre autocarros, comboios, voltei a casa...passou uma semana e parece que estou cá há uma eternidade.
O espaço é partilhado com outras três moças desta terra, parecem simpáticas. Partilhamos as refeições e a televisão.
No trabalho são todos acolhedores e acreditam mesmo no que quero fazer cá...pena que eu nem tenho a certeza do que quero fazer ou se sou capaz de faze-lo.
Perto da minha casa tenho o parque mais lindo de Forli, na verdade é o único eheh
faz-me lembrar Évora...calma, cheia de alunos com as hormonas aos saltos que vivem de festas. Tenho uma pasteleira para ainda descobrir este espaço novo.
Afinal existem príncipes...talvez o meu apenas esteja desencontrado de mim...
descobri que no parque aqui perto existe uma família de coelhos, que devem ser uns dez, que andam todos contentes a comer as flores e a erva eheh lindo!!é optimo para o final do dia com um livro e um caderno :)

tem sido uma semana de conhecimentos!
já andei numas escolas numa actividade de danças africanas: as crianças são iguais em todo o lado!!!
faz-me sentir em casa :)

segunda-feira, abril 05, 2010

partida para a terra da procura

numa vertigem de um salto gigante, mergulho num ar flutuante ausente de gravidade...

sábado, janeiro 09, 2010

dia 5 do 010

na calma de um mar parado espero pela alba que anuncia um novo dia
um novo dia

um manto branco cobre montes e vales
como um cobertor de veludo que engana a sua natureza fria

viajo por nuvens, atravesso montenhas, rios
sigo o rasto do meu coração sem saber a direcção
nem quero saber

prefiro a ignorância, a incerteza
prefiro a descoberta, o impulso a seguir

dia 30 do 09

talvez um dia nos teus olhos sinta a segurança em ti
sem o medo de viver
um dia abraço-te sem o medo de sentir o teu peito sobre o meu coração

na paisagem vejo as nuvens que passam
com a água que lava as almas dos amantes
num infinito de verde se perde o olhar num pensamento oxigenado
as nuvens elevam-te e levam-te a um sítio aonde nao existe tempo
apenas espaço, o espaço de cada movimento

a consciência de tempo e espaço muda também a perspectiva
introspectiva do que esperar da mudança
um recomeço de um ciclo
um novo ano acompanhado pela chuva

recortes_jan 09

senta-te e respira
sente o ar fresco que entra no corpo
sente-te vivo porque na morte não há frescura
a leveza da existência transforma-se no peso de uma pedra
demasiado rígida para ser quebrada
seria impedir o meu ser de sentir para não pesar
para não se quebrar na fragilidade de quem prefere estar morto por dentro
mesmo que por fora continue a respirar
a escolha da não existência é tão fácil que o desafio põe-se na sobrevivência
na essência do seu ser apenas existe a simples existência de viver para além do sentido

castelo de sonho

alçam-se paredes de um castelo que faz sonhar
solta-se um olhar no horizonte sobre um infinito de possibilidades de dimensões e realidades
a muralha expande-se pelas montanhas com medo de uma praga de sentimentos
o vento é frio, passa entre os cabelos e assalta um corpo como uma dança de átomos
pequenos seres de mãos dadas tocam o corpo e transportam-no pelo ar
é alta a torre...ultrapassar as nuvens como num salto entre a terra e o chão

recortes_julho 09 parte II

dia 3
estranho voltar aqui e encontrar-te
o tempo parou à nossa espera ou
parámos nós à espera do "nosso" tempo

sinto um virar de costas a algo que construí
mas não evito este seguir em frente
talvez o tempo nos apanhe outra vez

dia 4
em mim me encontro longe de casa
sem respostas
mas contemplando uma leve manifestação
do que espero encontrar

o universo traz até nós manifestações de um movimento interno comum aos humanos
esquecemos as fronteiras e apenas ficam presente as semelhanças de um povo único

um sorriso que desflora com a alba de uma primavera
um instante fotográfico que se perdera num espaço infinito

dia5
assola-me um pensamento de gritar pelo mundo "gosto de ti"
no entanto, o desejo profundo é o de sussurar-te olhando nos teus olhos "gosto de ti"

criar um espaço e o respeito não é sinal de abandono e desistência
no meio da minha insegurança apenas há espaço para a perca
em mim não, em mim és tu a investir
a onda tem de surgir desse lado da costa para trazer o pequeno barco até ao outro lado
mas a vontade de arriscar continua cá
o risco de correr por um autocarro já perdido depois de um ano
há que reconstruir um caminho já percorrido

recortes_julho 09

um livro de recortes de sensações
a sensação de estar prestes a afundar sem conseguir alcançar a superfície
memórias menos desfocadas de tempos que não ouso falar
não quero falar, apenas seguir em frente...