sábado, janeiro 09, 2010

dia 5 do 010

na calma de um mar parado espero pela alba que anuncia um novo dia
um novo dia

um manto branco cobre montes e vales
como um cobertor de veludo que engana a sua natureza fria

viajo por nuvens, atravesso montenhas, rios
sigo o rasto do meu coração sem saber a direcção
nem quero saber

prefiro a ignorância, a incerteza
prefiro a descoberta, o impulso a seguir

dia 30 do 09

talvez um dia nos teus olhos sinta a segurança em ti
sem o medo de viver
um dia abraço-te sem o medo de sentir o teu peito sobre o meu coração

na paisagem vejo as nuvens que passam
com a água que lava as almas dos amantes
num infinito de verde se perde o olhar num pensamento oxigenado
as nuvens elevam-te e levam-te a um sítio aonde nao existe tempo
apenas espaço, o espaço de cada movimento

a consciência de tempo e espaço muda também a perspectiva
introspectiva do que esperar da mudança
um recomeço de um ciclo
um novo ano acompanhado pela chuva

recortes_jan 09

senta-te e respira
sente o ar fresco que entra no corpo
sente-te vivo porque na morte não há frescura
a leveza da existência transforma-se no peso de uma pedra
demasiado rígida para ser quebrada
seria impedir o meu ser de sentir para não pesar
para não se quebrar na fragilidade de quem prefere estar morto por dentro
mesmo que por fora continue a respirar
a escolha da não existência é tão fácil que o desafio põe-se na sobrevivência
na essência do seu ser apenas existe a simples existência de viver para além do sentido

castelo de sonho

alçam-se paredes de um castelo que faz sonhar
solta-se um olhar no horizonte sobre um infinito de possibilidades de dimensões e realidades
a muralha expande-se pelas montanhas com medo de uma praga de sentimentos
o vento é frio, passa entre os cabelos e assalta um corpo como uma dança de átomos
pequenos seres de mãos dadas tocam o corpo e transportam-no pelo ar
é alta a torre...ultrapassar as nuvens como num salto entre a terra e o chão

recortes_julho 09 parte II

dia 3
estranho voltar aqui e encontrar-te
o tempo parou à nossa espera ou
parámos nós à espera do "nosso" tempo

sinto um virar de costas a algo que construí
mas não evito este seguir em frente
talvez o tempo nos apanhe outra vez

dia 4
em mim me encontro longe de casa
sem respostas
mas contemplando uma leve manifestação
do que espero encontrar

o universo traz até nós manifestações de um movimento interno comum aos humanos
esquecemos as fronteiras e apenas ficam presente as semelhanças de um povo único

um sorriso que desflora com a alba de uma primavera
um instante fotográfico que se perdera num espaço infinito

dia5
assola-me um pensamento de gritar pelo mundo "gosto de ti"
no entanto, o desejo profundo é o de sussurar-te olhando nos teus olhos "gosto de ti"

criar um espaço e o respeito não é sinal de abandono e desistência
no meio da minha insegurança apenas há espaço para a perca
em mim não, em mim és tu a investir
a onda tem de surgir desse lado da costa para trazer o pequeno barco até ao outro lado
mas a vontade de arriscar continua cá
o risco de correr por um autocarro já perdido depois de um ano
há que reconstruir um caminho já percorrido

recortes_julho 09

um livro de recortes de sensações
a sensação de estar prestes a afundar sem conseguir alcançar a superfície
memórias menos desfocadas de tempos que não ouso falar
não quero falar, apenas seguir em frente...