quinta-feira, março 31, 2011

nascer do sol com vista

não ter pressa de ser

um dia o velho pescador vê o rapaz a olhar o infinito do horizonte. Com curiosidade pergunta-lhe:
- Para onde olhas rapaz?
- Espero o pôr-do-sol, responde o rapaz
- Mas ainda agora é meio-dia... - diz o velho pescador admirado
- eu sei, não tenho pressa...

escrever um livro

memórias são tudo o que temos
medo de esquecer por medo de deixar-mos de ser quem somos, com medo do vazio
não somos livros cheios de palavras e sinais que se se apagam e deixa de haver história
somos nós que escrevemos a história e re-escreve-la e re-escreve-la quantas vezes for necessário
e quantas vezes pensarmos que a estamos a esquecer
no fundo no fundo, não esquecemos
a memória acaba por ser um tormento, uma obsessão,
o medo de esquecer apodera-se da vontade de viver
e depois descobre-se
viver para não esquecer e esquecer para viver
ou não esquecer e aprender a viver com a memória

quarta-feira, março 30, 2011

breves momentos antes do momento

não sei se é o aniversário ou a maturidade do tempo que me faz pensar no agora, no ser e no estar e me faz medo
tenho medo sim
tive um iluminação que me fez perceber e admitir que tenho medo
mas do quê exactamente?
parecem tantas coisas ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo nada

sexta-feira, março 25, 2011

ceu azul

sou transportada pelas minhas lágrimas quando vêm
e tudo o que os meus olhos vêm transporta-me em lágrimas: de alegria, de revolta, de emoção, de medo...
são lágrimas com um sorriso por baixo porque o sorriso ajuda a emoção,
qualquer uma delas.
sorri-se sempre, mesmo quando se chora e deveria-se chorar sempre.

terça-feira, março 15, 2011

dissertação do eu_a carta

hoje ia na minha pasteleira vermelha a percorrer Forlí já meio escura com a chuva e por-do-sol de regresso a casa, a ouvir o unplugged dos Pearl Jam de 1998 com a voz do Eddie Vedder de puto rebelde de 20 anos magoado pelos infortúnios da vida e finalmente percebi o porquê de muita coisa...
Nos últimos tempos fazia-me variadas perguntas que me levavam à resposta "tenho um mau olhado" como se fosse a justificação de tudo o que corre mal ou então " o universo é infinitamente justo e generoso" como justificação das coisas que correm mal e depois até agradeces que tenha corrido por veio algo bom.
Vinha eu na minha pasteleira a questionar:
porque é que me sinto triste nos últimos tempos?
porque é que cortei o cabelo no dia em que decidi que volto para Portugal daqui a 2 semanas?
porque é que apaguei (por erro) o meu blog de fotos do Spaces LIves com fotos de 4 anos atrás?
porque é que o meu 5º disco externo deixou de funcionar e agora às vezes é reanimado?
porque é que tenho uma conta da advogada para pagar e não tenho dinheiro?
porque é que tenho de ir a tribunal ouvir uma testemunha que não percebo a razão de ter que ouvi-la?
porque é que após esta minha dissertação me senti bem mais feliz e aliviada de tudo?

e entre todos estes factos poderia pensar que tudo faz parte de um grande plano maior que nós próprios e maior que a nossa compreensão meramente humana e afinal percebi que não.
nada tem a ver com nada, tudo aleatório que a mente tem necessidade de procurar justificações e causas, então procurei a justificação e causa do porquê de procurar esta justificação e causa e não é que, numa breve subida num piso irregular com chuva e com o eddie vedder, percebi porquê e naquele momento pensei em vocês.

É o medo...
medo de esquecer e ser esquecida, pelas e das pessoas que atravessaram a minha vida, as fotos, os momentos, de não estar, de não ser capaz, de não ser forte, de não saber, de faltar, de fugir, de não encontrar, do orgulho, da tristeza...
uma lista longa :)
mas esta clareza deixou-me hoje escrever-vos e tranquilizar-me a cabeça para dormir.

chego a évora no dia 4 de Março final da tarde.
beijinhos e boa noite.