sábado, abril 19, 2008

sentir a dança

danço-me por dentro e dança contigo dentro de mim
danço mazurkas e valsas ou malucas bourrées
danço para te sentir e que me sintas dentro de ti a dançar também
no meu passo ou no teu que bem conheço tento acompanhar com todo o corpo para que não perca um pedacinho do teu
a música começa e os corpos dançam, conhecem-se bem...conhecem os seus desejos e as suas angústias
deixa a música levá-los para longe e amarem-se como há muito tempo atrás...

sexta-feira, abril 18, 2008

labirinto

no momento de paz, volta o distúrbio e a confusão
uma corrente vertiginosa que parece perseguir qualquer caminho que tomo
um labirinto meio escuro por onde corro para fugir apenas da sombra do que me persegue
em cada esquina uma fuga possível ou apenas mas uma parede a impedir o meu escape
no que penso ser o caminho da liberdade apenas é o caminhar cada vez mais para o interior do labirinto, um caminho entre o seu interior e o exterior
o paradoxo de tentar alcançar a liberdade mas a sua busca tornar-se cada vez mais a prisão no que tentamos fugir
e no entanto, é apenas uma sombra, algo pouco nítido e visível que facilmente com um pouco de luz dissipa-se e deixa de existir
uma frágil totalmente frágil e vulnerável mas no entanto tao dificil de enfrentar
Aonde está a luz?
a luz que cega a mais frágil vista e acabar com a perseguição sombria pelas paredes escuras
conseguiria abdicar da visão pela paz que ela traria com o término da sombra?
um paradoxo sobre as escolhas e abdicações de formas de ser e de estar pelo transformar e prosseguir

anjo na terra

pois, deixa-me olhar mais uma vez para ti
porque os anjos não deixem todas as noites à terra
deixa-me desfrutar desta visão tua a comunicare com o mundo numa língua divina que os comuns ouvem mas não captam a sua essência
os anjos têm rostos desconhecidos que o cupam o lugar vazio do medo do desejo e do cepticismo da crença do sentimento
deixa-me apreciar essa tua serenidade e calma que só um anjo o faz, pelo toque e pelo olhar

quarta-feira, abril 16, 2008

sossega

o coração acelera, bombeia depressa
a tentar acompanhar o pensamento que desencadeia a sua acelaração
e angústia
acelera para alertar-me que é preciso parar, descansar e sossegar o pensamento

sexta-feira, abril 11, 2008

o centro do meu universo


marcadores de páginas dos momentos

tu como parte da natureza


o meu avô




será que os comportamentos são genéticos?
o assunto daria para escrever um livro.
aqui e agora deparo com a mera coincidência de algures no tempo e no espaço o meu avô materno ter usado as folhas de papel comorefúgio da sua lucidez alcoólica.
Poderá de alguma forma estar relacionada com o aqui e agora deste presente que vivêncio?
estranho pensar que poderei partilhar esta insanidade com alguém que nunca conheci mas a quem estou e estarei relacionada...
estranho será pensar que as minhas palavras poderão ser as suas e esta ideia faz com que bloqueie a minha memória a rever as que já li escritas por ele.
Imagino-o a escrever com a ansiedade de quem fala para aquele amigo a quem contamos tudo, só que apenas não esperamos resposta de volta.
Sentado num banco de madeira, gosto pelo tempo, na taberna da rua da minha avó. Os outros homens que se riam dele pela ignorância do que ele falava e por isso a chamá.lo de louco.
Não seria ele o mais lúcido deles todos? ao menos ele entendia o mundo, era tão poderoso e com uma fraqueza ainda maior: a bebida.
Tamanha droga que o tornou cego no seu amor pelas que o rodeavam.
Nesta minha descrição do meu avô não vejo qualquer compração a mim, sou diferente claro. Estranho falar de alguém que nunca se conheceu e que apenas vive nas recordações da minha mãe e da mãe da minha mãe e por isso quase consigo vê-lo a escrever na tal taberna ou em casa junto à máquina de costura.
agora analisando a situação, poderá ser consequência da necessidade de identificação com alguém próximo como resposta à situação pela qual estou a viver.
No meu estado meio lúcido, meio insano rio-me dos meus pensamentos de um avô perdido na memória.
É muito engraçado considerar o estado de insanidade como uma lucidez tmeporária ou numa verdade turva mas nem por isso mentira...

quarta-feira, abril 09, 2008

uma imagem para uma caixa


a caixa de pandora volta a fechar como se fecha uma porta com medo que volte a abrir: a olhar para trás e ter a certeza que fique bem trancada...

os seus segredos já percorreram ouvidos que ocuparam tempo e vida de quem não merece ser sacudido pela verdade de quem sofre; os seus segredos já foram desvendados mesmo pelos que julgava menos dignos deles; os seus segredos foram julgados aos olhos de quem não vê quem os conta...

metamorfose

a minha insanidade leva-me a pensar e a sentir que o corpo deixa de existir apesar de respirar e cumprir as suas funções.
No entanto, a sua essência apenas observa e não interfere, mantém-se num estado de deambulação e mesmo na inercia existe a consciencia e a lucidez.
Procura nas palavras dos outros interpretações de um mundo que agora não vivo nem sinto apenas testemunho.
consumo as palavras dos outros e minto na minha lucidez.
a minha lucidez torna-se uma lente que mostra a verdade que mais ninguém consegue ver, uma verdade única e que agora está a ser refeita e refeita vezes sem conta em cada momento
a minha lucidez faz o meu coração bombear mais depressa com a ansiedade do minuto a seguir...
a minha dormência faz a minha lucidez e a minha lucidez faz a minha inercia que faz a minha transformação...

sábado, abril 05, 2008

a história de(o) Ninguém

agora o ninguem já não aquele menir que usava junto à porta. Desisitiu do menir, desisitiu de fechar a porta para impedir que o outro saísse. Ele que saísse que se fosse embora, pois mais valia do que o peso daquele menir para o impedir...
agora o ninguém sentia um alivio sem esse peso nas costas...
pensou que se o outro saísse usaria o mesmo menir para impedir que esse outro entrasse, pensou arranjar mais menires, mais peso para que a porta não se abrisse da parte de fora a partir do momento da decisão de sair do outro...
mas não o fez...o ninguém não queria carregar mais pesos, queria descansar as costas e as pernas de todo o que já tinha carregado até então...
então simplesmente sentou-se em frente à porta a observá-la, a ver todos os pormenores da sua madeira, a pensar porque razão durante tanto tempo impediu aquela porta de se abrir, afinal de contas até era elegante e bonita.
o ninguém agora queria descansar mas não conseguia, tinha medo que os seus sonhos se tornassem pesos como o menir tão seu familiar e, se conseguisse dormir, desejava não tornar a acordar...sentia-se tão cansado e esgotado de toda a energia despendida que até se achava pouco digno da presença daquela porta, pouco digno do menir os seus grandes companheiros que o protegeram e o ninguém foi o único culpado de os por nesse perigo...
o outro agora entrava e saía, conseguia abrir a porta sem fazer barulho, muitas vezes o ninguém não o via ou ouvia, também não sabia se o queira ver e agora tinha vergonha de olhar para a porta e para o menir, tinha vergonha de se sentir tão impotente, triste e pouco digno de mesmo estar ali a comtemplá-los.
agora já não interessava o outro...não interessava se ele saísse ou se nem voltasse, ele era o ninguém e o ninguém não existe...
no entanto, o vento, o sol, a sombra preocupavam-se com o ninguém. tentavam animá-lo ou protege-lo e o ninguém até tentava ser simpático e brincar às vezes com ele mas com o passar do tempo o ninguém apenas via nisso uma acção para impedi-lo de pensar ou de sentir. Eles queriam que ele esquecesse e o ninguém não queria esquecer, eles queriam que ele se sentisse bem mas o ninguém não se sentia bem. então ele só pensava em mandá-los embora mas como? ou se devia? se era realmente o mais correcto?
o ninguém não sabia, tinha o seu pensamento a andar a mil à hora e ele já não conseguia sequer acompanhá-lo...
voltava a olhar para a porta e para o menir...talvez devesse voltar a pegar no menir e fechar a porta...assim os outros não entravam.Parecia o mais fácil e o melhor a fazer. fechando a porta os outros não poderão entrar e pelo menos ficaria a salvo na sombra da sua falta de dignidade de ser o ninguém....