domingo, novembro 26, 2006

dois corpos



dois corpos expectantes pelo toque íntimo da textura e da sensação de partilha temporal e espacial que mesmo antes de se tocarem já pertencem um ao outro

a continuação da desfragmentação

e pela minha fragilidade em reconhecer a minha existência
tanto admiro a tua

a grandiosidade e esplendor da segurança do teu ser
sinto-me pouco digna da tua presença e do teu sorriso para comigo
quero olhar-te de longe, ver essa magnitude e apreciá-la
sentir-me especial apenas por ver-te e saber que és assim

mas sinto-me pequena, insignificante
sei que isto é apenas a crise da minha existência neste mundo complexo de imagens fragmentadas
mas olho para ti e apenas queria sentir que te dava o mesmo
já sei que é a estima que tenho por mim

como se repara a estima?
terei de ser um peter pan que procura a sombra e volta a cose-la?
primeiro teria que encontrar a estima...
então olho para ti, para a segurança de cada movimento teu
nunca serei igual a ti...
também sei que cada pessoa é autêntica e deve ser apenas si própria...
mas se eu não existir não sou autêntica.
mas como sinto dor, é porque existo
então tenho de ir à procura do meu eu.

então olho para ti e vejo a tua magnitude
e assusto-me
apenas quero observar o teu ser

desculpa o peso que te dou
não te quero atribuir responsabilidades
apenas importância de aprendizagem e consciencialização
na construção do meu ser

esta nova armadilha de construção de identidade a partir do zero
esta armadilha que teima a criar-se eu a cair

talvez seja a utopia de existir para o bem maior dos outros
se este bem não existe, então eu também não existo
as utopias são algo inconcretizáveis que teimo em concretizar
talvez a teimosia defeituosa do meu ser
que por vezes aclamo como força e segurança de que preciso

não quero ser como tu
porque tu tens a tua autenticidade
apenas a admiro por não ter a minha
como uma criança observa outra enquanto come um gelado
e nunca antes ela ter comido.

talvez seja por nunca ter saído desta fase de criança
de estruturação do eu
ou apenas reflectir demasiado sobre esta estruturação
e deixar de ser eu porque penso demasiado em ser
ao invés de realmente só existir

serei eu...?

uma imagem desfragmentada pelos pedaços de um espelho partido

vi o reflexo no espelho e percebi a máscara que uso
o medo insustentável de não ser suficiente para os outros

mas porque não posso ser suficiente apenas para mim?
porquê não partir de mim para mim mas de mim par aos outros?

não tenho respostas
apenas o medo, o receio e ficar assustada de simplesmente a forma mais simples de existir
não justificar a minha presenaç na vida dos outros...
um despedício de tempo para os outros,
um peso, um fardo, a mais na vida dos outros...

Frustração de não ter valência próprio simplesmente porque parece não haver valor no que há
por mim
e tento convencer os outros que realemente não há

a resposta será dar valor às competências que se tem?
que competências?

preciso de tempo para encontrar estas respostas
e queria ter o meu espaço onde apenas estava eu e ninguém me conseguia ver
mas eu tinha a segurança de ver que os outros estavam bem
um espaço sem peso...

não consigo ver o meu reflexo
sinto que caí na mesma armadilha que em tempos consegui superar
tentar se alguém que não sou ou simplesmente deixar de ser qualquer coisa

tento existir...mas sinto que não existo
apenas porque eu não me vejo

sei que tenho de ganhar a confiança e a consciência que não é mau
não existe nem mau nem bem
apenas eu

sexta-feira, novembro 24, 2006

o gato laranja??? quer dizer amarelo!!!



Rosa minha

Se te dissesse o quanto sou feliz só por te ver
talvez não acreditasses,
talvez fosse preciso dar a volta ao mundo
a gritar que gosto de ti
e talvez nem ouvisses.

Lembras-me a rosa do princepezinho!
Tão linda e majestosa, mas com aqueles espinhos todos,
foi preciso cativá-la e regá.la para mais tarde
sentir o vazio possível quando ele já não estava lá.

Será que não te rego o suficiente?
ou substimas os meus gestos e pensamentos que te confesso?
Talvez devesse conter mais esta alegria de te ter
e amar-te menos,
não sussurrar o quanto gosto de ti
e apenas corresponder ao que recebo...

Lamento não ser assim,
ser uma porta aberta de manifestações e emoções
(embora muitas contidas)
apenas busco em mim a felicidade
e transmitir-ta.

Se ao menos pudesse cortar alguns dos teus espinhos...
trocaria algumas palavras amargas
por uma palavra de tolerância...

Sim...abrir a mente e o coração...
Condenas-me por defeitos meus,
chego até duvidar do que exprimes sentir.
Sei que me engano ao duvidar
mas por vezes é mais forte a dor da amargura.

Inspiro-me no princepezinho...
também ele ficou triste pela rosa
mas não deixou de gostar dela,
aprendeu a gostar dela apesar dos espinhos...


*

segunda-feira, novembro 20, 2006

a cor é tua

Dou-te as tintas para pintares o mundo tal como o vês
escolhe a paleta e faz-te à estrada

serei apenas o observador num museu da tua obra prima
à espera que pintes o meu retrato das cores do teu coração

és a cor de muitos
és a cor de muitos dos meus dias
cada um diferente
cada um pintado por uma pincelada
com o rigor e paixão que te caracteriza

vejo essa cor no teu corpo
nos teus olhos que observam os meus
e nada mais há à volta
só nós e a cor.


bj*


sexta-feira, novembro 17, 2006

quinta-feira, novembro 02, 2006

não somos quem parecemos ser

pensava que o cadeado era forte e guardava o medo melhor que qualquer outro guardião
uma porta secreta, talvez esquecida que apenas ganhava raízes de pouco uso
e de repente corria naquela direcção com a certeza que ela não abriria
e quase que ia caindo no precipício que se escondia por trás dela…
recriei o monstro que em tempos me consumiu, não sei se ele está lá ou não
não tenho coragem de abrir os olhos
prefiro ficar aqui no canto, protegida pela falta de visão e apatia pelo exterior
se não abrir os olhos, talvez ele não esteja mesmo lá…
não tenho coragem para lutar com ele…porque ele sou eu

como se mata um monstro que tem reflexo de alguém que apenas existe na mente dos melhores?