sexta-feira, maio 20, 2005

o gesto culpado

todas reclamamos a emancipação da mulher
mas a liberdade precisa de barreiras
barreiras que os homens com a toda a sua masculinidade parecem ñ ver

dizem que respeitam as mulheres
mas tocam nelas sem o respeito
sem entender o amor que lhes emana
entendem as palavras como actos sexuais
e culpam-nas pela sua erecção

ousam dizer que são elas que tocam a sua pele
enquanto que são eles que erguem a mão

a boca dela nem se mexe
paralisada pelo choque
pelo toque inesperado mas parece premeditado
desde a primeira palavra que ele proferiu

o meu corpo é o meu protesto
contra a mão que se ergue
contra o gesto que julga ocupar o carinho
mas ocupa o assédio, a vergonha, o desrespeito


de nada servem as palavras
de serve o aqui e agora
se o lá, nem ele se apercebeu do erro
da barreira trespassada

imaginem a mão a percorrer zonas do corpo
sem o consentimento devido
gestos na pele e no tecido
gestos suspeitos de pura ingenuidade de simpatia extrema


quero uma revolução
uma revolução pelos gestos que contêm a maldade das hormonas masculinas
uma revolução pela simpatia que julgam ser uma porta aberta para o assédioquero uma revolução por todas as pessoas que pensam que o amor faz-se de sexo e a paz pelo grito calado de quem sofre...

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