domingo, julho 24, 2005

numa luz morta observo fixamente

imagino-me numa taberna daqueles que os homens gostam de, um canto obscuro, observar as mulheres que vão entrando
também eu estou num desses cantos, com um copo vazio e uma garrafa de vinho tinto
mas não bebo
apenas espero que alguém queira sentar-se no meu canto escuro e beber da minha garrafa

observo apenas os que entram, os que também observo mas que não sabem que observo como eles

tenho o copo vazio na mão, passo os dedos na borda fina do copo para sentir o toque suave da textura do vidro
o olhar está fixo nas paredes pálidas daquele espaço nauseabundo dos homens que chegam de trabalhar e estão insaciáveis de vinho e de prazer sexual
por isso se escondem num canto escuro numa taberna qualquer

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